domingo, 20 de novembro de 2016

Inquietude

Nunca é tarde de mais.

Nunca é tarde de mais para mudar o que nos inquieta a alma:

...vou escrever na esperança que esta inquietude me saia da alma e fique presa nesta folha em branco.

A inquietude é como um veneno que começa na minha cabeça e que migra pelo meu corpo - como uma doença, espalhando-se por entre as minhas veias e o meu sangue, entranhando-se nos meus glóbulos vermelhos, enfraquecendo o meu sistema imunitário. Fere-me a alma, deixa tantos cortes que as minhas plaquetas não são capazes de estancar o conteúdo. E a cada dia de inquietude, torno-me um pouco menos eu. Um corte a mais, confiança  a menos.

Não posso, não devo e por fim... não quero, sucumbir às palavras e ideias de quem me magoa; só me pode magoar quem eu deixar; e tenho que acreditar no meu valor.

Sai, inquietude, sai...


... Vemo-nos por aí.

Rita Leão, 20 de novembro de 2016

sábado, 5 de novembro de 2016

Ciclos de Chuva.

O céu, outrora azul e brilhante, ficou negro. 

Era sinal de que as primeiras chuvas de outono se aproximavam, pensou Ela. A som da chuva sempre foi reconfortante para Ela; simbolizavam o recomeço do ciclo. Fim dos dias longos de Sol, de luz. Os dias, mais curtos e frios, traziam menos tempo para andar na rua; ainda assim Ela gostava de observar as pessoas na Rua a caminhar, em passo acelerado (está frio!) com os narizes vermelhos.
"Lembram-me renas" sussurrou, apesar de ninguém estar por perto para a ouvir. Sorriu, um pouco embaraçada por ter verbalizado algo que era suposto ter ficado apenas no seu pensamento.

Continuou a observar os transeuntes daquela movimentada cidade por um momento que pareceu a eternidade. A primeira gota caiu. "É melhor apressar-me", pensou. Caminhou apressada (à semelhança dos que a rodeavam). Contornou uma esquina, virou à direita. Continuou a caminhar. A chuva começou a cair. Acelerou o passo, quase corrida. Virou à esquerda, chegou a casa.

Entrou em casa, satisfeita por já não estar na rua. Ainda assim, correu para a janela. E ficou a ver chuva cair... Era altura de mudança, de entrar numa nova época, de retomar o ciclo; era altura de deixar a chuva lavar a sua alma.

Rita Leão, 5 de novembro de 2016

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domingo, 23 de outubro de 2016

Eu era o cometa; tu eras o planeta.



     Para florescer, tem que ter um começo. Tem que nascer de algo, tem que começar por algum lado. É difícil sair da inércia que nos cerca como muros de Berlim; é difícil transpor as paredes que ao longo do tempo erguemos à nossa volta (no final de contas, servem de proteção, certo?). Mas se não começar por algum lado, e procurar deixar fluir o que me está preso no coração - na alma, na mente, no coração, e, por fim, nos meus dedos - então, vou sempre sentir que estou prestes a explodir.
 O dia em que decidi não guardar apenas para mim as histórias que vivi ou presenciei, foi o dia em que me decidi sentar e partilhar. E muito do que se passou teve o seu início quando...
O meu olhar cruzou com o Teu. Senti que Tu... eras alguém que tinha cruzado a minha vida por algum motivo, que irei apelidar de Motivo Maior. Sempre fui - não, deixem-me reformular- sempre me considerei uma Mulher com objetivos bem definidos e ideais bem delineados. Movi mundos e fundos, com o intuito de fazer aquilo que me deixava orgulhosa de mim mesma (ou será que procurava a aceitação dos que me rodeavam?). Porém, naquele milésimo de segundo em que o meu olhar, vago, cruzou o teu, descontraído, senti que tinha mudado de direção.
Sabes quando um cometa segue uma rota bem definida e por ação da gravidade de outro corpo celeste acaba por mudar de trajetória? Sim, foi isso que aconteceu.

Eu era o cometa; tu eras o planeta; e mudaste a minha trajetória.



Rita Leão, 23 outubro 2016
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